Páginas

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Bar ruim é lindo, bicho




BotecoJoão Werner

Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinqüenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinqüenta anos, mas tudo bem.)

No bar ruim que ando freqüentando ultimamente o proletariado atende por Betão — é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar "amigos" do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.

— Ô Betão, traz mais uma pra a gente — eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós, meio intelectual, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectuais, meio de esquerda, freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.

O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinhacomo ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.

Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam cinqüenta por cento o preço de tudo. (Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato). Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocandoreggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão Brasil, tão raiz.

Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelos Rider e a Vejinhasempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é muito mais autêntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais assim Câmara Cascudo, saca?).

— Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?

Ps: Texto de autoria de Antônio Prada. Está entre "As Cem Melhores Crônicas Brasileiras", coleção  organizada por Joaquim Ferreira dos Santos. 


sábado, 27 de novembro de 2010

Piadas infames do Twitter

PauloHouseFacts
A dúvida do governador Sérgio Cabral agora é se a tocha das Olimpiadas 2016 no Rio vai ser um ônibus ou um carro.
 
 
Piadas infames
Os políticos são como as fraldas, devem ser trocados constantemente. E sempre pelo mesmo motivo.
 
Sigmar Frota
Governador Cabral, diz nao haver motivo para panico no Rio: "Gente, voces nao entenderam: estamos e' gravando o Tropa de Elite 3"
 
FILOSOFIA DE BUTECO
por Piadas_infames_
O amor não é aquilo que te pega de surpresa e te deixa totalmente sem ar. O nome disso é asma.
 
Piadas infames
O que o "C" falou pro "Ç" ? Tá cagando hein brother!
 
Piadas infames
Quando se disca um número errado, nunca dá ocupado.
 

O Marxismo de Humberto Gessinger

A CRÍTICA SOCIAL NAS CANÇÕES DE HUMBERTO GESSINGER 

3ª Do Plural Engenheiros do Hawaii
 http://www.youtube.com/watch?v=OFYhaGfTKDY&feature=fvst

Corrida pra vender cigarro
cigarro pra vender remédio
remédio pra curar a tosse
tossir, cuspir, jogar pra fora
corrida pra vender os carros
pneu, cerveja e gasolina
cabeça pra usar boné
e professar a fé de quem patrocina

Eles querem te vender, eles querem te comprar
querem te matar, de rir ... Querem te fazer chorar
quem são eles?
quem eles pensam que são?

Corrida contra o relógio
silicone contra a gravidade
dedo no gatilho, velocidade
quem mente antes diz a verdade
satisfação garantida
obsolescência programada
eles ganham a corrida antes mesmo da largada

Eles querem te vender, eles querem te comprar
querem te matar, à sede...eles querem te sedar
quem são eles?
quem eles pensam que são?

Vender... Comprar... Vedar os olhos
jogar a rede contra a parede
querem te deixar com sede
não querem nos deixar pensar
quem são eles?
quem eles pensam que são?

Os governos de Vargas e Geisel não constituiram verdadeiramente um Estado em "vias prussianas" de desenvolvimento


Ernesto Geisel
    Segundo Luis Fiori a verdadeira especificidade do estado em sua trajetória para industrialização passa pelo “acordo” de uma política econômica em que o estado e a burguesia pactuam compromissos, com isso o Estado brasileiro se afasta dos modelos prussianos de industrialização, que é ligado ao soslaio desenvolvimentista.
  Para entendermos o que Luis Fiori tenta ilustrar é imprescindível determo-nos aos exemplos históricos de tentativas de implantação do modelo de industrialização em “vias prussianas” no estado brasileiro durante os governos Vargas e Geisel. Pela analise histórica brasileira observamos que: “o antiestadismo de nossos empresários liberais não conseguem esconder suas prolongadas relações de dependência clientelista com o estado” (FIORI, 1995).
Burguesia "liberal" brasileira e seus acordos com  Estado.

              Em suma a causa desta profunda dependência da burguesia nacional ao estado gera o que Fiori chama de anemia Schumpeteriana em que a burguesia “liberal” não consegue dar alguns passos sem o apoio do estado.
            Essa situação foi assaz propicia para originar uma reação contra o Estado quando este resolveu canalizar os seus investimentos para setores que de alguma forma não beneficiariam a burguesia, como investimentos de recursos da união em empresas estatais, o que deixaria de fora o empresariado “liberal”.
            Segundo Lessa: “no Brasil em particular, a especificidade da constituição industrial se encontra apenas na presença estatal ativa, por mais extensa que tenha sido do ponto de vista de suas funções, dimensões e áreas de intervenção produtiva” (LESSA, 1982).
           
           O fracasso da tentativa de se instaurar um estado desenvolvimentista durante os governos de Vargas (1930-1945) e Geisel (1974-1979) está intimamente ligado a resistência política do empresariado brasileiro, somado a uma falta de apoio popular principalmente durante o governo Geisel, quando ocorreu o rompimento do acordo militar com os Estados Unidos e assinou o acordo atômico com a Alemanha. “A maioria se posicionou contra o processo implícito de estatização” (FIORI, 1995, p.63)


REFERÊNCIA: 
FIORI, José Luis. Em busca do dissenso perdido: ensaios críticos sobre a festejada crise do estado- Rio de Janeiro: Insight, 1995.

 Evilásio Ribeiro 
Graduando em Ciências Sociais-UFC

sábado, 25 de setembro de 2010

Se

Djavan

Composição: Djavan
Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...
Eu levo a sério, mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá que não quer meu calor
São jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não