Os governos de Vargas e Geisel não constituiram verdadeiramente um Estado em "vias prussianas" de desenvolvimento
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| Ernesto Geisel |
Segundo Luis Fiori a verdadeira especificidade do estado em sua trajetória para industrialização passa pelo “acordo” de uma política econômica em que o estado e a burguesia pactuam compromissos, com isso o Estado brasileiro se afasta dos modelos prussianos de industrialização, que é ligado ao soslaio desenvolvimentista.
Para entendermos o que Luis Fiori tenta ilustrar é imprescindível determo-nos aos exemplos históricos de tentativas de implantação do modelo de industrialização em “vias prussianas” no estado brasileiro durante os governos Vargas e Geisel. Pela analise histórica brasileira observamos que: “o antiestadismo de nossos empresários liberais não conseguem esconder suas prolongadas relações de dependência clientelista com o estado” (FIORI, 1995).
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| Burguesia "liberal" brasileira e seus acordos com Estado. |
Em suma a causa desta profunda dependência da burguesia nacional ao estado gera o que Fiori chama de anemia Schumpeteriana em que a burguesia “liberal” não consegue dar alguns passos sem o apoio do estado.
Essa situação foi assaz propicia para originar uma reação contra o Estado quando este resolveu canalizar os seus investimentos para setores que de alguma forma não beneficiariam a burguesia, como investimentos de recursos da união em empresas estatais, o que deixaria de fora o empresariado “liberal”.
Segundo Lessa: “no Brasil em particular, a especificidade da constituição industrial se encontra apenas na presença estatal ativa, por mais extensa que tenha sido do ponto de vista de suas funções, dimensões e áreas de intervenção produtiva” (LESSA, 1982).
O fracasso da tentativa de se instaurar um estado desenvolvimentista durante os governos de Vargas (1930-1945) e Geisel (1974-1979) está intimamente ligado a resistência política do empresariado brasileiro, somado a uma falta de apoio popular principalmente durante o governo Geisel, quando ocorreu o rompimento do acordo militar com os Estados Unidos e assinou o acordo atômico com a Alemanha. “A maioria se posicionou contra o processo implícito de estatização” (FIORI, 1995, p.63)
REFERÊNCIA:
FIORI, José Luis. Em busca do dissenso perdido: ensaios críticos sobre a festejada crise do estado- Rio de Janeiro: Insight, 1995.
Evilásio Ribeiro
Graduando em Ciências Sociais-UFC